quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Deu-se o clique.
Ela apercebeu-se de que ele voltava a olhá-la de maneira diferente. Outra vez. 

Naquela noite, naquela festa estrondosa em que ela acordou no dia seguinte sem saber onde e como estava naquele sitio, deu por ele a olhá-la com o olhar de quem ama, de quem cuida. Ela reconheceu esse olhar, teve um dejá vu de todas as vezes em que ele a olhou assim.

-R? Que é que eu estou aqui a fazer? 
-Calma S, estás em minha casa. Ontem encontrei-te à procura de um táxi na rua. Não me pareces-te muito bem então trouxe-te comigo. 
- Não me lembro bem. Viemos a pé? Que dor de cabeça!
-Viemos, não te lembras de nada? 
-Não sei, não me consigo lembrar bem ... Preciso de saber o que se passou. 
-Deves ter bebido demais e agora não te lembras. Nota-se um bocado pelo cheiro a álcool que tens e pelo vomitado que deixas-te no meu hall de entrada. Já tens idade para ter juízo S.
-Sermão? A esta hora? 

S. levantou-se então da cama e quis sair antes de que mais uma discussão culminasse entre o ex-casal mas viu-se travada por R. que lhe tapava a porta do apartamento.

-Deixa-me ir embora. E obrigada por teres cuidado de mim ontem. Adeus. 

R. afastou-lhe o cabelo sujo da cara e num gesto instintivo beijou-a, deixando S. sem qualquer reacção possível. 

-Porque é que fizeste isso? -perguntou ela enquanto fitava o chão coberto com o seu vómito. 
-Ontem tu beijaste-me e hoje eu não te posso beijar?
-Eu?
-Na cabine telefónica. Puxaste-me para dentro e beijaste-me. Disseste que me amavas e que nunca me tinhas esquecido ! 
-Eu fiz isso?...
-Fizeste S. E dormiste agarrada a mim como dormíamos antes, beijaste-me, abraçaste-me ...
-Cala-te!- gritou.
 Não quero saber de mais nada. Não entres em detalhes por favor. Eu não fiz isso, eu não disse isso. Esquece tudo. Obrigada, mas esquece tudo ...

-És sempre a mesma S. Vais ser sempre a mesma ... 
-Tu sabes que eu te amo. Não sei esconde-lo. Mas da próxima vez que me vejas a cair numa rua qualquer, não me segures. Sabes bem que te vou dizer tudo o que sinto naquele momento mas no dia seguinte só te vou dar motivos para pensares que não sou mulher para ti.
Não é assim tão fácil amar-me. 



segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

São agora 5 da manhã.

Já dei tantas voltas na cama que os meus lençóis prendem-me os movimentos.
Não consigo dormir, onde estás?
Deitei-me há horas e nada de conseguir adormecer. Os meus olhos teimam em fechar mas a minha cabeça não me permite que adormeça.
Falta-me alguma coisa. Falta-me alguém e eu acho que és tu. Tu, que te foste embora há tanto tempo, tu que já partilhas-te imensas camas com outras pessoas.
Sinto falta do beijo de boa noite, do aconchego de ter aqui, ao meu lado. Gostava de te ter aqui comigo, tão abraçado a mim que eu tivesse de chegar ao ponto de te dizer para te afastares um pouco. Quero-te aqui a mexer-me no meu cabelo e a pedir para não adormecer já, para ficar acordada contigo.
Quero-te aqui de manhã, para te acordar com um beijo de bom dia e receber o maior dos teus abraços.
Quero-te ao almoço para te ouvir dizer o quanto eu falei enquanto dormia, o quanto eu me mexi durante toda a noite e quantas vezes te empurrei para fora da cama durante os sonhos. Quero-te ouvir dizer o quanto tiveste saudades minhas.
E quando quiseres... Aí podes ir. Vai, e quando sentires a minha falta podes voltar.Afinal eu estarei sempre aqui, no mesmo lugar, com os mesmos hábitos, com as mesmas saudades ...


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Recebi a tua mensagem. Já eram 4h da tarde e eu continuava deitada.
A minha cabeça doía da ressaca da noite passada e o meu corpo insistia em não se mover. Dizias: "Vem ter ao café ao pé de minha casa. Espero por ti. Beijo"
Beijo? Café ao pé de tua casa?
Levantei-me e fui ter contigo, como me pediste. Estavas a um canto sentado com uma coca-cola e um maço de tabaco na mesa. 
- A noite foi pesada não S? Estás mesmo com mau ar.
Ri-me e sentei-me. Acendeste um cigarro e deste-mo para as mãos. 
Sentia que algo de estranho se passava, os teus olhos não estavam como ficavam sempre que me vias. 
- Que se passa M? 
 Encolheste os ombros e passaste a mão no meu cabelo. Odiava quando fazias isso, sabia que era sinal de  problemas. 
 Disseste-me :
-Não quero mais isto. Ontem à noite o que andas-te a fazer S? Por onde andas-te?   
Outra vez a mesma conversa, outra vez as tuas crises... pensei.
- Estás a arruinar a tua vida. Já nem te conheço... O que aconteceu contigo?   
Olhaste para mim com ar de desilusão, com ar de pena. Eu não sabia o que te dizer, apenas continuava a fumar o cigarro que me deste sem te encarar nos olhos. 
- Podia dar-te mil razões para te explicar o que se passa comigo, mas sei que não irias perceber. É só que eu não sou tua.  Eu sou de todo mundo, sou por aí... Nunca fui de ninguém nem irei ser. Desculpa, eu sei que gostavas de m (...) interrompeste-me no meio do meu discurso e levantaste-te.
-Talvez esse seja o teu problema S. Nunca queres ser de ninguém, nunca queres ser só o amor de alguém. Queres todo o mundo contigo, sonhas demais. Mas quando um dia perceberes isso e precisares de mim não me procures. Continua a procurar o que precisas pelo mundo . 


Sais-te porta fora e eu fiquei sozinha... apenas com o meu orgulho. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Foge de mim

Devia ter-te avisado logo ...

Estava sentada á porta do meu prédio com a roupa colada ao corpo de tão encharcada que estava e a maquilhagem negra escorria-me pelos olhos. Chovia como ainda não tinha chovido neste ano e eu tinha vadiado durante horas e horas e acabado ali, sozinha, quando tu apareceste vindo por entre a chuva.
-Meu amor, que estás aqui a fazer? Estás toda molhada ! 
Tropecei nas palavras mas consegui-te explicar :
-Perdi as minhas chaves...  
Levantaste-me do chão a custo e cobriste-me com o teu guarda-chuva. E eu gritei, empurrei-te, bati-te e pedi-te que me deixasses. Feliz ou infelizmente fingiste não me ouvir e tentaste acalmar-me.
Expliquei-te que estava bem, que apenas tinha perdido as chaves mas que ia ter com alguém. Naturalmente, não acreditaste nas minhas explicações e pediste-me para ir contigo para tua casa:
-Vem S, não podes ficar aqui á chuva. 
Recusei mil vezes, tentei abrir a porta a toda a força mas a minha única solução era ir contigo ou passar o resto da noite á chuva. Ainda estive a ponderar muito bem a  segunda hipótese mas o teu sorriso enterneceu-me quando me disseste a abanar a cabeça :
-Sempre tão teimosinha !
Estava depois mais calma quando tiraste o teu casaco e mo pousaste nos ombros a dizer : Continuo a gostar tanto de ti S... 

Como por um sinal encontrei as chaves no bolso das calças e corri para dentro do prédio. Fechei a porta sem sequer te agradecer ou me despedir de ti, enquanto olhavas para mim pelo vidro.

Por favor não digas isso de novo, não me assustes. Outra vez.. 

domingo, 7 de outubro de 2012

Naquela noite, decidi esperar por ti acordada mais uma vez. 
Os meus olhos fechavam-se  e o peso que caia sobre eles tornava-se insuportável. Acho até que adormeci por instantes mesmo antes do cão da vizinha me dar sinal a mim e a todo o bairro da tua chegada. 
Shiiu, 'tá calado! disseste tu enquanto tentavas abrir o portão do jardim sem fazer o mínimo som.
 E eu? Eu observava da janela da sala o mesmo ritual de sempre : pastilhas na boca, ajeitar o nó da gravata, arranjar o cabelo e apertar a camisa até ao ultimo botão. Estavas pronto a entrar em casa e a dizer mais uma vez: Querida ainda estás acordada? Tive uma noite cheia de reuniões, só consegui voltar agora. E eu iria dizer como sempre : Não te preocupes...Então, passava a noite a  pensar na tua desculpa sem nexo até a minha cabeça não aguentar mais. Mas naquela noite foi diferente, naquela noite decidi que ia deixar de ser assim, ia gritar contigo, mandar-te embora e dizer-te que o cheiro a álcool, tabaco e mulheres não se disfarça com umas pastilhas!  Mas tu entraste e disseste-me o mesmo de sempre e acabamos a noite a dormir juntos como das outras vezes. Espantosamente foi a primeira vez que não me fez confusão o cheiro, a mentira e mesmo depois de todos os planos para discutir contigo foi a única vez que dormi descansada. Penso que deixei de estranhar aquela tua atitude e conformei-me, porque primeiro estranha-se mas depois entranha-se. 

domingo, 2 de setembro de 2012

Ganhei coragem, pus o orgulho de lado e peguei no telefone.
 Estava há três dias fechada em casa e caminhava para o quarto dia consecutivo a comer massa chinesa a todas as refeições, fumar um maço de Marlboro  por dia e nem um banho tomar. Fiquei assim desde a última discussão que tivemos, irias-me achar uma pateta ao me veres neste estado.
Marquei o teu número, tocou uma vez e eu desliguei. Senti as pernas tremer, o suor a invadir-me e o rubor no rosto a aumentar .
Parva parva parva ! Pareces uma adolescente apaixonada, pensei.
Liguei-te de novo e tu atendes-te logo. Tremeu-me a voz no primeiro: "estou?", tal como me tremia todo o corpo.
Tinha saudades de ouvir a tua voz, de te ouvir dizer o meu nome... Quando ouvi algo mais:
"Querido, estou á tua espera na banheira!" 
Imaginei na minha cabeça o tipo de mulher que estavas  a meter em tua casa depois da nossa discussão de há três dias atrás mas contive-me e disse apenas : estás ocupado é?
Claro que disseste que não e disfarçaste o melhor que conseguiste mas a voz feminina que ouvi do outro lado não deixou margem para dúvidas. Já não te vou pedir para voltares, vou-te dizer que fiques. Fica onde estás, com a mulher que te chama querido e te chama para o banho porque eu banho só dou aos meus cães e tu apenas estás lá perto... ainda te falta a arte de saber fingir de morto !
Aprende-a se faz favor.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Vou viajar

Amanhã vou embora, vou partir bem cedo pela manhã.
Vou fazer as viagens que prometeste que farias comigo e esqueceste no meio de tantas outras promessas. Não quero desperdiçar mais tempo à espera de ti para me levares ,sei que iria esperar muito.
 Amanhã, começo pelo pequeno- almoço em Paris. Prometeste que me levavas a tomar o pequeno-almoço em Paris, a ' cidade do amor' como lhe chamaste naquela manhã em que acordamos juntos. Penso que foi a beleza do momento que te lembrou de tal cidade.  Havíamos sido acordados pelo sol que batia na janela do meu quarto e tu disseste-me com um sorriso enternecido : Vou guardar esta imagem tua para sempre na minha cabeça.  Ficas deslumbrante desse jeito, frágil ...  
Abraçaste-me e olhaste para mim como se fosse a pessoa mais preciosa que tivesses na  tua vida. Lembrei-te Paris...
          Também me falaste em  Ilhas paradisíacas. Foi mais um sítio que prometeste levar-me, mais uma imagem e tantos planos que fiz para nós na minha cabeça. Ligaste-me na tua pausa do trabalho e disseste-me: 'Amor, já viste o calor que está hoje? Vamos tirar uns dias, só eu e tu. Só precisamos um do outro e de uns dias para estarmos juntos' 
Onde? perguntei. ' Escolhe uma ilha paradisíaca, vamos quando quiseres.' e desligaste após um gosto de ti sincero. 
Sempre adorei essa tua espontaneidade. 
          E quando cair a noite, adivinha onde vou estar. Na Serra. Vou estar na Serra da Estrela,  vou ver as estrelas e esperar uma passar no céu para pedir um desejo.  Vou levar uma garrafa de vinho branco, uma manta e um maço de cigarros e vou deitar-me no chão tal como tínhamos planeado fazer os dois quando estávamos deitados na relva de tua casa. Ou isso ou Nova Iorque. Disseste que me levavas lá quando te disse que estava farta de sair à noite nos mesmos sítios. 
E tu, podes continuar a prometer-me que vamos conhecer o Mundo mas eu já vou começar sozinha, porque contigo não passa disso: promessas.  


      

domingo, 5 de agosto de 2012

 Dói saber que não vais voltar a dizer-me para despir a minha armadura e colocar a coroa para ser a tua princesa outra vez.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Alô?

Eram 17h. Ela estava sentada na varanda, a fumar um cigarro e a ver as crianças brincar no fundo da rua quando tocou o telemóvel. Era ele, de novo. Decidiu atender.
- Que é? 
-Não desligues por favor. 
-Não quero falar contigo! 
-Ouve-me só, por favor. 
-Fala, mas despacha-te. Estou ocupada. 
- Eu mudei tanto por ti Maria. Eu nunca estava em casa, saía todos os dias houvessem ou não houvessem festas, conseguia embebedar-me dia-sim dia-sim e deixei de o fazer por ti. Eu era o tipo de rapaz que mal via uma rapariga jeitosa, não me escapava. Não te vou mentir, eu nem o nome delas queria saber mas contigo foi diferente. Eu queria-as a todas, não me interessava  se estava hoje com uma e amanhã com outra. Mas conheci-te a ti e tu fizeste-me ver que as coisas não devem ser assim, eu estou mudado. Prometo que não te vou voltar a trocar por uma noite com os rapazes, nem vou continuar a meter-me com outras mulheres. Só te quero a ti, prometo que te vou levar ao cinema, vou-te oferecer flores e chocolates, vou-te dar tudo aquilo que as raparigas querem. Fica comigo princesa.
Ela riu-se:
- Vens tarde demais, já me ofereceram tantas flores que podia ter feito um jardim aqui ao pé de casa.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Tu sabes. Se ainda pensas nela, é porque ainda te afecta de uma maneira ou de outra.Todos os momentos que passaram juntos por certo deixaram alguma coisa em ti. Desde as vezes que choras-te e as que ela chorou, ás vezes que riram juntos, riram um do outro e ainda riram dos outros. Até as tão clássicas conversas que duravam até à manhã do dia seguinte, as noites passadas em claro quando estavam abraçados. As vezes em que cozinhaste para vós, e as tentativas dela de cozinhar ! Todas as discussões em que a casa ardia e vocês amuavam por tudo. Sei que te lembras disso. Lembraste de tudo talvez ainda melhor do que ela. Sabes o que me disse há dias? Sente saudades. Tem tudo gravado na cabeça e no coração mas finalmente percebeu que já não pode voltar a ser a tua princesa. Sabes bem como ela é orgulhosa mas admitiu-mo. Admitiu também que já não odeia cada mulher que se aproxime de ti e até fica feliz por estares com elas. Ela finalmente percebeu qual é o seu lugar na tua vida agora, e sabe que o espaço que outrora ocupou, está certamente ocupado por outra pessoa. Ela cresceu, percebeu que chorar não resolve nada e que colocar-se a si própria em primeiro não é egoísmo.Mesmo que não queiras ouvir, quero que saibas que és parte dela. E não importa o que o futuro traga, a sua vida é melhor por te ter conhecido. 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Voltei .

Hoje estava sentada na mesa de sempre e á hora do costume, com um café curto e um Malboro ao lado.
Vi-te entrar e senti uma alegria enorme por ver uma cara conhecida, não os mesmos do costume, mas alguém com quem pudesse realmente falar.
 Vinhas com a tua camisola verde, igual ao verde dos meus olhos. Que lindo, pensei. 
Sentaste-te numa mesa sozinho e nem me viste. Pedis-te um café e uma pastilha de morango. Os vícios não mudaram. Levantei-me e fui á tua beira... Sorriste-me e abraçaste-me como me lembro de sempre o fazeres.
Vi que eles e elas olharam para mim, como se estivessem cheios de inveja. Ouvi o burburinho todo conjugado num só local e a admiração pela cumplicidade que nós continuamos a ter.
 Tudo mudou neste sítio, isto já não é o mesmo, já nada tem a vida que tinha. Não me enquadro aqui mas já nem tento sabes? Já não faço parte disto. Mas sei que só por estar aqui ainda consigo perturbar muita gente! disse-te eu. Deste uma gargalhada e disseste: sempre a agitar as coisas. Tu realmente não mudas pois não?  Conversamos durante horas, falamos de como tudo mudou, de como estamos desenquadrados, de como estamos sozinhos agora. Falamos do meu sarcasmo, da tua ironia e de toda a merda que dizíamos quando estávamos juntos! Disseste que sentias falta até desses momentos.
Chegou a hora e  tive de voltar ao trabalho. Levantei-me, despedi-me de ti e senti novamente os olhos postos em nós, senti as perguntas a fervilhar na cabeça daquela gente toda. Incrível como ainda assim, isso nunca muda.
Olhei para eles e ri-me : cuidado queridos, estou de volta e vou causar estragos ! 
Percebeste-me logo tão bem . 

terça-feira, 3 de julho de 2012


"Se as palavras não te atingem, se te passam ao lado e não as agarras não sei porque finges também não ver os actos.
(...)
Larga tudo e aprende a negar, tu sabias fazê-lo e esqueces-te em dias os ensinamentos de anos…
Passa de novo nos lábios esse batom vermelho, veste aquela camisa sublime que nunca te compromete, calça esses saltos e sai à rua. Vê essa noite estrelada e compra o teu maço de cigarros. Acende um e não fumes só por fumar, saboreia-o.
Saboreia o prazer da liberdade e diz-lhe que não.
Não esperes por quem não vem, afinal se ainda não veio também já não há-de vir.
Aprende idiota, a ti ninguém te ignora."

gostei tanto amiga , 
por cem sentidos 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Olfacto



Eram 03.30h. quando ela chegou a casa.
 Vinha bem, vinha bem-disposta. Fiquei feliz por vê-la daquela forma, gostei de a ver naquele momento, livre do fantasma que a persegue todos os dias. Acendeu um cigarro e estivemos a conversar. Contou-me a noite, contou-me o quanto sofreu pelo futebol, o tão bem que lhe soube aquela feijoada tão típica de cá, e como esteve bem na companhia dos amigos. Senti-a solta, senti-a descontraída e despreocupada como ela costumava ser. Não lhe toquei no assunto que a persegue, não quis avivar memórias. Senti que a minha amiga estava finalmente a fazer o caminho de volta para a pessoa que era !
...
Ela foi despir o vestido e os saltos que trazia . Vestiu uns calções e uma camisola, e voltou para ao pé
 de mim. Trazia o vestido consigo, sentou-se no sofá e inspirou fundo agarrada a ele.Porque é que não arrumaste o vestido Maria? Parou por momentos, perdida nos seus pensamentos riu-se e disse : bem sabes que quando compro algo novo não o largo! Mas o vestido não era novo, e eu bem sabia que a Maria odiava ter a roupa amarrotada. Insisti para ela o ir arrumar mas ela apertava-o com cada vez mais força. Olhou para mim- eu a ti não te consigo enganar pois não?
 O vestido tinha o cheiro dele, do fantasma que a persegue a cada momento. Ela inspirava, recordava tudo aquilo que aquele cheiro a lembrava. E então a máscara caiu. Abateu-se sobre ela de novo aquele aperto no peito. Descobri que um amigo meu tem um perfume igual ao dele e pus um pouco no meu vestido! E sorriu. Afinal enganei-me, esqueci -me de como ela é boa actriz e de como ela tem recaídas inexplicáveis como esta. E aí vi o sorriso, a saudade e as recordações que um simples perfume lhe trazia... 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Obrigada meu querido.

Sentei-me em frente da televisão.
 Mudei quinhentas vezes de canal, desliguei e liguei, deitei-me no sofá, troquei de posição e finalmente acomodei-me. Aqui estou eu, o dia inteiro em pijama e de óculos. 
Recuso-me a pensar no que quer que seja. Tenho que me manter ocupada, de manter a minha cabeça ocupada para não pensar em ti.  Cansei-me da televisão, liguei o portátil e  estive deitada com ele á minha frente. E agora faço o quê?  O meu corpo precisava de outra coisa... Pensei em levantar-me e ir nadar ou ir correr. Mas não era isso, não era exercício o que precisava. Continuei deitada.
Infelizmente aquela procura, aquela vontade não passou até que eu percebi do que precisava - de um abraço.
Precisava de sentir o aconchego e o calor de um abraço. Precisei de mimo e de atenção naquele momento e vi-me sozinha na sala. 
Foi aí que tu me procuraste... Como se gritasses o meu nome, como se chamasses por mim. Tinha-te esquecido na cama, envolto pelos lençóis. Fui ao quarto, e vi-te lá exactamente onde te tinha deixado.
Tirei um cigarro do maço, praguejei por continuar com este vício mas tive tanta certeza.... Não é a mesma coisa, mas ajuda muito.

sábado, 16 de junho de 2012

Habitua-te.

Não te surpreendas quando um dia ao ela ouvir o teu nome não tenha nenhuma reacção. Não te surpreendas quando não vires aquele brilho nos olhos dela de cada vez que olha para ti, que te vê a sorrir. Não esperes também que ela note quando mudas de perfume, quando tens uma camisa nova ou quando trocas de penteado. Não esperes encontrá-la na rua e que ela baixe os olhos envergonhada e te diga "olá" ...porque não vai ser assim. Ela raramente vai notar se vos cruzares nalgum lado, tu sabes como ela é distraída,. Ela via-te a ti, procurava-te com todos os sentidos em qualquer lugar que fosse. Um dia, não te vai procurar mais. Vai-te encontrar casualmente e  se tu lhe falares, vai sorrir-te e dizer olá como diz a todas as outras pessoas . Isto um dia vai acontecer, e tu vais perceber o que se passou. Aí, vai-te custar vê-la de cabeça erguida, sei disso. Quando acontecer é apenas porque ela já deixou de ter pena de si mesma por te ter perdido, e percebeu que foste tu quem a perdeste. Mas tens tempo, continua feliz. Ela ainda não se apercebeu de nada.  

terça-feira, 29 de maio de 2012

Construções.

Sou gelada. Não me refiro à minha pele ou ao meu toque. Não me refiro ao frio que sinto quando saio da cama de manhã cedo ou quando me deito nela vazia à noite. Estou a congelar tudo aquilo que sinto por qualquer coisa que se tente aproximar de mim. O muro que fui construindo à minha volta esta cada vez mais forte e com as bases mais assentes . Ajudaste a construí-lo .Sabes tão bem disso. Não foste tu quem pôs a primeira pedra, mas todos os dias contribuis para um buraco que falte preencher ou para aumentar a altura dele. Não quero acabar  como tu pensas que vou acabar. Não vou acabar assim . Posso ser todas as coisas que tu dizes e pensas que sou, posso tornar-me na pessoa mais distanciada e mais fria do mundo, mas no final do dia, sou eu quem nota isso. É a mim que dói sentir isso. Porque atrás da pessoa que mostro, atrás daquilo que tu vês, bem escondida, já houve alguém com esperanças, com coragem e com força. Essa pessoa já foi ambiciosa e quis sempre o melhor para quem conseguia passar esses muros. Agora, já ninguém os passa, não deixo, não quero. Não te vais sentir culpado, e não quero que sintas. Quero que saibas apenas que continuas a estar presente na minha vida, estás a ajudar a construir  qualquer coisa. Pessoas importantes fazem coisas igualmente importantes, só que eu não quero mais dessas. Quero coisas simples, coisas de uma noite e que não ajudam a contribuir em nada. Porque apesar da egoísta que dizes que sou, primeiramente penso no mal ou no bem que causo aos outros, e quando estou bem fechada no meu castelo, não deixo que ninguém alcance o melhor nem  o pior de mim. Tornei-me nisto. Na indiferença. No medo. Na frieza. No melhor para todos. 

 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Vinho Verde.

Olhei para o relógio e vi que eram 19:30h. Estou deitada na cama, como tenho estado invariavelmente nestes últimos dias. Perdi-me no tempo, no espaço e nas obrigações. Já não quero saber de nada, apenas quero ter o meu maço de tabaco em cima da mesa e um copo de água ao lado. Estás degradante, pensei eu. O meu quarto está apilhado de coisas, a luz não entra aqui á uns bons dias...  A minha consciência apregoava:  Levanta esse rabo e sai da cama ! Mas não consegui, não tive coragem. Fumei mais um cigarro e era o ultimo do maço.
Liguei à Mariana, ao Tiago, e á Beatriz... Ninguém me quis trazer um maço de tabaco, e eu não censuro. Não tenho saído de casa e eles sabem que ir comprar cigarros é a única maneira de eu sair daqui. Odeiam que eu fume os senhores saudáveis mas sabem o prazer que me dá !
Fechei os olhos e adormeci por instantes. A imagem da tua cara veio-me à cabeça. 
Levantei-me, e abri a janela. O sol estava a descer, estava um anoitecer quente e lindo bem como eu gosto. 
Saí de casa e fui logo ao café da rua à frente. Vi-me espelhada numa vitrina da rua. Que aspecto horrível ! 
Voltei para casa, para o meu quarto mas não para a cama. Puxei o puf  e sentei-me à beira da janela a fumar.  
Eu tinha de fazer alguma coisa, eu estava a cair aos poucos e não me podia deixar cair assim. Comecei por arrumar o meu quarto, de seguida tomei banho e vesti um vestido branco. Calcei-me, peguei numa carteira e saí porta fora. Não sabia bem para onde ia, mas já estava na rua e com outro aspecto. Fiquei com fome, apeteceu-me jantar nalgum lado e beber um bom vinho. Entrei no primeiro restaurante que me apareceu e tu estavas lá com a tua nova amiga. Não me importei e tive um manjar dos Deuses. Senti-me bem comigo mesma, com a pessoa que eu estava disposta a recuperar ! Senti que os homens me olhavam, que me apreciavam. Afinal não perdi assim tantas qualidades. Por fim, saí do restaurante e percebi que o problema não era meu. Foste tu, quem preferiu putas e vinho verde.



terça-feira, 22 de maio de 2012


" -Eu perdi-te mesmo desta vez certo?

-Tu nunca me tiveste. Nós éramos paixão, orgulho, medo, tesão, saudade, mas amor... nós nunca fomos. Amor é outra coisa. O amor é cliché, é um beijo roubado no meio de uma discussão, é vontade de ficar juntos, de casar, é planear um futuro juntos, ser forte, é quando por mais bonita ou boa que seja a rapariga que passe á tua frente, tu não a desejes... simplesmente porque tudo aquilo que tu queres está mesmo á tua frente. O amor é entrega sabes? Mas tu não és forte o suficiente para te entregares a algo que te dome. "

terça-feira, 8 de maio de 2012

Estás em todo o lado. 
Nas piadas que ouço, nos olhos azuis que vejo, estás nas paredes do meu quarto e na minha roupa. Estás em todas as gavetas que abro, no que uso todos os dias, estás no meu portátil e até na minha cozinha. Estás em todos os meus amigos, e no meu telemóvel. Estás em fotografias, em desenhos, em textos e em memórias. Estás na minha cabeça e no meu coração. Os únicos sítios de onde eu te quero arrancar a toda a força mas não consigo. Estás demasiado vivo em mim, tento apagar isso e desapegar-me e ao mesmo tempo morro por dentro de pensar que tu possas sair de mim para sempre. Egoísmo. Estupidez. Masoquismo.Complicado... como eu.
Quero voltar a construir contigo a amizade e o carinho que apesar de tudo sei que não se perdeu. Que eu não posso perder. Para isso, tenho de começar por arrancar das  minhas paredes tudo aquilo que me lembra do que já não existe.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Face face .

Outra vez? Quantas vezes pretendes alterar ? Qualquer dia o teu pc rebenta com tantas alterações. Não que eu me importe com aquilo que tu  fazes ou com o que deixas de fazer mas digo-te já que tantas mudanças irritam. Não só a mim, acho que deve haver mais pessoas que estão fartas de ver o teu nome a aparecer no pc delas. Solteira, numa relação,  solteira, numa relação , solteira, numa relação , solteira, numa relação. Decide-te de uma vez! Cresce e percebe que discussões há muitas. Eu também discuto muitas vezes com a minha mãe, e não é por isso que me ponho órfã. Aprende uma coisa, quanto menos as pessoas souberem da tua vida, melhor tu estás. O facebook, merda de rede social! Não estou a dizer que não devia existir, até porque eu também tenho e gosto de ter para ver pessoas como tu a partilharem a sua vida e deixarem-se expostas. Farto-me de rir. Farto-me de saber novidades. Farto-me de saber aquilo que quero e o que não quero. Obrigada ao facebook. Obrigada a ti.  Não sejas é tão repetitiva querida !
Um conselho da tua querida amiga, D.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Teatro.

Nunca tive aulas nem sequer um talento natural para inventar coisas de momento . Quando estou a mentir ou a tentar inventar já reparaste na merda toda que faço e digo ! Não digo que não sei mentir, porque toda a gente sabe, toda a gente o faz, só mudam as causas da mentira. Não sou excepção, mas é-me muito mais fácil mentir atrás de um ecrã de um telemóvel ou em frente ao portátil, quando não tenho de te olhar nos olhos e quando tenho a certeza que não me vais ver a corar nem a pensar se o que estou a dizer faz sentido.
Praticamente todas as vezes em que eu não estou a dizer a verdade, tu dás conta e vai tudo por água abaixo.  Mas hoje, estou eu de rolos na cabeça para arranjar os meus caracóis que estão numa lástima, e enquanto estava a fumar um cigarro, (sim e podes chamar-me chaminé como costumas) lembrei-me da outra tarde em que eu entrei no café e tu estavas sentado naquela mesa em que costumamos estar os dois a falar de tudo e de nada. Estavas mesmo lindo. Com aquela camisa azul que gosto tanto de te ver, e que fica tão bem em cima do teu bronzeado! Pediste um café curto. Tal como eu, tu só gostas de café curto. Puxaste de um cigarro, acendeste-o e ficaste sério, lindo e maravilhoso a olhar para a porta. Não me tinhas visto. Nem eu quis que me visses. Apetecia-me poder ver-te sem que tu me visses, sem que estivéssemos a falar. Só me perguntava quem seria que tu estavas á espera que entrasse pela porta. E passado 2 minutos, tive a minha resposta. Ela entrou, bonita e sorridente como sempre e os teus olhos brilharam.
A sério que estavas á espera dela? Dela?! Porque é que não entrou o João ou o Luís? Ou o teu irmão até! Mas ela? 
Tu já me tinhas dito que a achavas linda e simpática, que não ias desistir até conseguires falar com ela, mas as coisas já vão assim? Nesse patamar dos cafés? 
Tentei sair do café. O mais rápido possível. Mas ouvi o meu nome saído da tua voz. Virei -me e sorri.
Não acredito que não me viu este tempo todo e viu-me agora, pensei.
Tivemos conversa de ocasião, apresentaste-me como a tua melhor amiga, a melhor amiga! E piscaste-me o olho e disseste : -Lembraste da Sónia? Falei-te dela!
Lembro, claro que lembro! Não devia lembrar? Falas-me dela todos os dias! 
E então, foi aí que se deu a luz! Sem ficar corada, sem gaguejar nem olhar para o tecto, completamente calma disse: Lembro, claro que lembro! Olá Sónia! Bem, vemos-nos logo caso saiam.  Sorri e fui-me embora.
Como é que eu fiz aquilo? Como é que eu consegui? Até a mim me pareceu real. Se calhar sou tão boa actriz como tu ou simplesmente já aceitei que nunca vou passar da amiga a quem tu contas as tuas conquistas. Espero mesmo que tenha sido a minha veia de actriz a crescer...  E agora vou tirar isto do meu cabelo, tu gostas dos caracóis soltos.

domingo, 25 de março de 2012

Stressed, depressed but well dressed.

Começou por falar baixo, calmo e sem qualquer tipo de nervosismo. Disse-lhe:
-Estou farto Joana. Farto. 
Ela respondeu-lhe baixinho, a medo...
-Estás farto de quê? 
-Estou farto de ti, de nós. Não aguento mais isto. Tu não me largas !
- ... se eu não te largo é porque gosto de ti! Não percebes? 
E Joana começou a chorar sem saber o que fazer. Estava ali. O fim. O fim de pelo qual ela tanto receava. 
- Não percebo? Estás a gozar com a minha cara Joana? Estás? Tu é que não percebes que cansei de ti . Do teu mau humor, dos teus gritos, dos teus stresses, da tua forma irónica de falar, da tua insensibilidade!
- Insensivel eu? 
- Insensivel sim, merda! 
Entre soluços ela perguntou-lhe
- Porquê Ricardo? Porquê?
-Não sabes aquilo que fazes? Então não me faças perguntas. 
-Eu não sei do que est...
- Sabes Joana, sabes ! Eu vou sair por aquela porta, e nunca mais vou voltar. Nunca mais te quero ver, nem sequer ouvir falar de ti!
- Não percebo... Pensava que gostavas de mim. 
- E gostei. As coisas mudam. 
- Hum hum...
-E tu mudaste. E eu não te aguento mais. Não te suporto.
-Hum hum...
-Só te peço que não me procures mais. 
-Hum ...
-És mesmo idiota Joana. 
-Pois...
-Mas tu estás-me a ouvir ? Podes dizer alguma coisa ou não sabes falar ?
-Não disseste que estavas farto de mim, de me ouvir? Eu respeito-te. Não te faço mais passar por esse tormento. 
-Lá estás tu e a tua maneirinha de falar! 
-É a que tenho. Agora, dá-me espaço por favor. Preciso de me arranjar.
-Arranjar? Que estás a fazer? Vais vestir esse vestido? Arranjar-te ?
-Vou-me arranjar porque quero sentir-me bem. Simples. Agora sai. Não te quero mais em minha casa. Não me voltas a faltar ao respeito. 
-Joana, tu não me expulsas daqui! Eu só saio quando quiser! 
-Ok, fica aí. Quando voltar não te quero cá. 
E Joana desceu as escadas da sua casa, com o seu melhor vestido e os melhores saltos. Maquilhada, arranjada, e com o coração partido. Ninguém o sabia, porque ela não deixava a maquilhagem sujar a sua cara com lágrimas. E ao estar longe, disse baixinho:
-Eu não sou insensível, eu apenas estava a preparar-me para o dia em que me deixasses...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Hoje e agora.

Minha querida,
Foi hoje. Hoje tive a prova daquilo que receava, apercebi-me realmente de que as coisas ás quais eu dou valor, se calhar não significam tanto para ti como significam para mim. Sempre soube disso, sempre fomos diferentes em gostos como em opiniões ou até em valores mas isso nunca nos impediu de nos darmos tão bem como dávamos. Sou capaz de dizer todas as tuas qualidades e todos os teus defeitos. São muitas coisas, mas conheço-te melhor do que aquilo que tu possas pensar. Estivemos juntas em momentos importantes, tínhamos conversas desde os temas mais importantes àqueles que não tinham interesse para ninguém, nem para nós! Simplesmente existiam. O natural facto de sabermos que estávamos ali uma para a outra quando o mundo desabasse sobre qualquer uma de nós, era reconfortante. Infelizmente, já não posso pensar assim. Sei que já  não estás por perto quando preciso, que já não te preocupas e nem sequer te interessas por alguma coisa que esteja ligada a mim. 
Dei-me conta agora de uma coisa. Estava enganada quando disse que conheço todas as tuas qualidades e os teus defeitos. Conhecia. Agora, estou a conhecer uma pessoa diferente, uma faceta diferente daquilo que eu alguma vez pensei que tu te pudesses tornar. Sei que provavelmente vais esconder-te atrás do teu orgulho e da tua maneira de te tentar enganar, e dizer "Não, eu sou a mesma". Vais até dizer "A culpa é tua!" e mesmo que não arranjes motivos para eu ficar com a culpa de tudo, vais buscá-los ao fim do mundo se for preciso! Porque tu és assim. As coisas no teu mundo têm de parecer sempre bem aos olhos das outras pessoas. Foi tempo em que eu não fazia parte dessas outras pessoas... Agora aquilo que fazias com os outros, já o fazes comigo. Não te vou dizer que eu não tenha culpa de alguma coisa, não me interpretes mal, apenas digo que mudaste. E tu sabes o porquê. Mudaste, deixaste de ter aquela alegria, de termos cumplicidade, e sermos sinceras. Mudaram as conversas, perderam-se os segredos e as fofoquices, reduziu-se o tempo e virou tudo ao contrário. Nunca quis nem tive o direito de ser tão importante para ti como precisava que fosse agora. O que custa é ver que já não existe importância. 
Sempre me disseste para não ser ingénua, para não acreditar em tudo, e agora percebi as tuas palavras! Estou a demorar tempo a mais a tornar-me naquilo que quero ser. Quero ser imune a desilusões, a acreditar nas pessoas, a continuar a pensar que realmente há coisas que não mudam. Hoje, e agora tive a certeza. E estou mesmo triste. Saíste assim? Sem avisar? Não é isso que os amigos fazem...
Com amor, M

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Se não for pedir muito .

Pára lá com isso. A sério, isso enerva-me. E tu sabes como fico insuportável quando me enervo. Prefiro que me partas de uma vez do que aos pouquinhos. Pode não parecer, mas eu tenho sentimentos. Já agora, se não consegues olhar-me nos olhos aproveita o sol e usa óculos de sol escuros, pelo menos não tenho de te ver desviar o olhar de mim a todo o momento.

domingo, 22 de janeiro de 2012

é tudo acerca da culinária.

Homem que é homem, nunca deixa comida fora do prato. Homem que é homem, tenta comer. Se não consegue naquele momento, come outra coisa, mas acaba sempre por voltar a tentar comer o restinho que tinha deixado há uns tempos em que tinha perdido o apetite. E a comida, essa continua lá. Permanece, não se estraga! Alguma até deve ser como o nosso Vinho do Porto, quando mais velho melhor. Basta aquecer um bocadinho, basta recordar a vontade, e depois... Plim! O microondas tocou, a comida está pronta. As pessoas normalmente não alteram muito as suas preferências gastronómicas. Mas ainda bem, pelo menos mantém-se um padrão. Ainda bem que assim é. Há coisas que nunca mudam ! Há pratos que teremos sempre a curiosidade em provar. Boa sorte para recuperar a receitas dos vossos pratos preferidos, caso as tenham esquecido durante uns tempos. Eu tenho uma receita, observei bem enquanto certos homens queriam provar aquele prato redondo e enjoativo. Não me agrada o conteúdo do prato, dá-me riso de pensar na ironia. Mas posso sempre enviar-te a receita. Recorda-me, qual era mesmo o nome que chamavas a esse prato? Recua uns tempos... Pensa bem. Sim, esse pratito.Gostavas tanto.


    .... levemente sarcástica.D.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Por tampas e canetas ...

Homens. Aqueles seres estranhos que nós, mulheres, não conseguimos passar sem. Loiros, morenos, olhos verdes, castanhos ou azuis. Altos ou baixos, magros ou gordinhos. Todas as mulheres têm AqueleAquele, e aquele na sua vida. O especial, o impossível, e o que vai ficando connosco. Talvez esteja numa fase em que não acredito neles, mas quem sabe hajam mulheres sortudas que encontrem os dois ou três que existem no Mundo. As pessoas apaixonam-se, amam, desiludem-se e umas tentam recuperar as coisas, outras não. Apaixonam-se, amam podem desiludir-se e desistem. E recomeçam o ciclo. Por isso, deixo um conselho. Homens são como canetas. Nós perdemos as tampas e como temos uma réstia de tinta, tentamos substitui-las com outras tampas para a tinta não secar.  Mas não adianta. As cores não combinam, as tampas ficam demasiado largas ou não entram, a tampa já não tem a marca dos nossos dentes, já não é a nossa. Por isso não tentem fazer tampas encaixar em canetas só porque tem um pouquinho de tinta ainda. O melhor a fazer, é comprar uma caneta nova, talvez custe a escrever durante uns tempos, mas com sorte torna-se totalmente nossa e talvez dure toda a nossa vida. Ou então, continuem a escrever sem a tampa... Apenas se corre o risco de a tinta secar e não voltar a escrever.
D.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Etiquetas .

Foi quando tudo pareceu estar encaixado, completamente perfeito, que explodiu a bomba pela qual ela nunca esperara. Nada daquilo fazia sentido. Desmoronou-se tudo, partiu-se, estragou-se. Tudo aquilo que ela tinha construído... Os brilhos e os pózinhos mágicos, as cores, o cheiro e toda aquela perfeição. Reduziu-se a cinzas e a um aperto no peito de ver sonhos desfeitos. Tentou, lutou e esforçou-se por recuperar o que havia construído, mas os esforços tornaram-se inúteis e acabaram em desilusões e frustação. Foi aí, que ela se ergueu e percebeu que não é com pózinhos mágicos e brilhos que iria reconstrui-lo. Era a preto e branco. Não a cinzentos  mas a preto e branco. Porque tudo aquilo que é construído, deve ser claro, sem margem para erros. Então, apercebeu-se quando fumava o seu último cigarro, que a sua casa estava organizada por cores e caixinhas, com brilhos e etiquetas. Mas não podia continuar a fazer isso com a sua vida. Nunca se consegue meter tanta coisa organizada por caixinhas e etiquetas.  
                                                                                                                                                         D.