quinta-feira, 24 de maio de 2012

Vinho Verde.

Olhei para o relógio e vi que eram 19:30h. Estou deitada na cama, como tenho estado invariavelmente nestes últimos dias. Perdi-me no tempo, no espaço e nas obrigações. Já não quero saber de nada, apenas quero ter o meu maço de tabaco em cima da mesa e um copo de água ao lado. Estás degradante, pensei eu. O meu quarto está apilhado de coisas, a luz não entra aqui á uns bons dias...  A minha consciência apregoava:  Levanta esse rabo e sai da cama ! Mas não consegui, não tive coragem. Fumei mais um cigarro e era o ultimo do maço.
Liguei à Mariana, ao Tiago, e á Beatriz... Ninguém me quis trazer um maço de tabaco, e eu não censuro. Não tenho saído de casa e eles sabem que ir comprar cigarros é a única maneira de eu sair daqui. Odeiam que eu fume os senhores saudáveis mas sabem o prazer que me dá !
Fechei os olhos e adormeci por instantes. A imagem da tua cara veio-me à cabeça. 
Levantei-me, e abri a janela. O sol estava a descer, estava um anoitecer quente e lindo bem como eu gosto. 
Saí de casa e fui logo ao café da rua à frente. Vi-me espelhada numa vitrina da rua. Que aspecto horrível ! 
Voltei para casa, para o meu quarto mas não para a cama. Puxei o puf  e sentei-me à beira da janela a fumar.  
Eu tinha de fazer alguma coisa, eu estava a cair aos poucos e não me podia deixar cair assim. Comecei por arrumar o meu quarto, de seguida tomei banho e vesti um vestido branco. Calcei-me, peguei numa carteira e saí porta fora. Não sabia bem para onde ia, mas já estava na rua e com outro aspecto. Fiquei com fome, apeteceu-me jantar nalgum lado e beber um bom vinho. Entrei no primeiro restaurante que me apareceu e tu estavas lá com a tua nova amiga. Não me importei e tive um manjar dos Deuses. Senti-me bem comigo mesma, com a pessoa que eu estava disposta a recuperar ! Senti que os homens me olhavam, que me apreciavam. Afinal não perdi assim tantas qualidades. Por fim, saí do restaurante e percebi que o problema não era meu. Foste tu, quem preferiu putas e vinho verde.



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