domingo, 2 de setembro de 2012

Ganhei coragem, pus o orgulho de lado e peguei no telefone.
 Estava há três dias fechada em casa e caminhava para o quarto dia consecutivo a comer massa chinesa a todas as refeições, fumar um maço de Marlboro  por dia e nem um banho tomar. Fiquei assim desde a última discussão que tivemos, irias-me achar uma pateta ao me veres neste estado.
Marquei o teu número, tocou uma vez e eu desliguei. Senti as pernas tremer, o suor a invadir-me e o rubor no rosto a aumentar .
Parva parva parva ! Pareces uma adolescente apaixonada, pensei.
Liguei-te de novo e tu atendes-te logo. Tremeu-me a voz no primeiro: "estou?", tal como me tremia todo o corpo.
Tinha saudades de ouvir a tua voz, de te ouvir dizer o meu nome... Quando ouvi algo mais:
"Querido, estou á tua espera na banheira!" 
Imaginei na minha cabeça o tipo de mulher que estavas  a meter em tua casa depois da nossa discussão de há três dias atrás mas contive-me e disse apenas : estás ocupado é?
Claro que disseste que não e disfarçaste o melhor que conseguiste mas a voz feminina que ouvi do outro lado não deixou margem para dúvidas. Já não te vou pedir para voltares, vou-te dizer que fiques. Fica onde estás, com a mulher que te chama querido e te chama para o banho porque eu banho só dou aos meus cães e tu apenas estás lá perto... ainda te falta a arte de saber fingir de morto !
Aprende-a se faz favor.