sábado, 9 de novembro de 2013

Carta perdida .

Olá
Sei que já passou  algum tempo desde a última vez que nos vimos ou falamos um com o outro mas hoje estive a pensar em tanta coisa e quero que saibas que tenho saudades tuas.
Não é saudades do género "estou arrependida do que se passou" ou então "quero ver-te outra vez".
Apenas...saudades.

É triste pensar que alguém que eu costumava conhecer tão bem se tornou  num completo estranho para mim,  alguém em quem eu já não penso todos os dias como foi durante anos.
Vou-te ser sincera.
Na maior parte do tempo, eu permito-me esquecer das coisas porque é mais fácil. Mas depois... Depois encontro algo que me lembra de ti. Uma carta antiga, um desenho ou uma fotografia nossa, perdida entre algum livro velho arrumado na estante.
E é aí que tudo aquilo que nós perdemos começa a pesar sobre mim.
Mas isto não é arrependimento. Nós tivemos as nossas razões para termos feito tudo o que fizemos e elas foram sempre válidas.

Mas voltando ao início...

Nós não tínhamos assim tantos interesses em comum ou até gostos iguais, alguma vez pensaste? Os feitios então, esses também nunca foram os mesmos .
Eu acho que nós nunca procuramos razões para nos apaixonarmos. Simplesmente aconteceu. As palavras, o jeito de ser, o toque, a atenção...
As razões chegaram só no final e também tudo aquilo que aconteceu depois do final, foi baseado em razões.

Acho que o que estou a tentar dizer-te é...
Espero que estejas bem. Espero que esteja tudo a correr como sempre desejaste.
Espero que um dia encontres um amor com todas as coisas que o nosso não pôde ter. Espero encontrá-lo também.
Mas confesso, uma parte de mim espera que continues a lembrar-te de como tudo era antes das razões...e que tenhas saudades minhas também.

Um beijo 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

!

Cansei de pensar.
Estou cansada de pensar em tudo. Em ti, na vida que tenho e na que sonhava ter.
Fartei-me de pensar no porquê das coisas e no sentido que elas tomam.
Cansaço.
 A única palavra que me ocorre cada vez que me deito na minha cama e em cada manhã que acordo para mais um dia. Cansada dos mesmos lugares, das mesmas pessoas, das rotinas, das conversas, dos cafés que tomo e dos cigarros que fumo.
Aborrecida, farta... É assim que me sinto. Quero sair daqui. Ou quero ficar. Já não sei.

'Tão dramática' deves estar a pensar.
 Ás vezes. Mas hoje não. Hoje sou sobretudo sincera.
Quero alguma coisa que me alimente. Farto-me rápido do mesmo. Cheguei ao meu limite, parece impossível, eu sei. Eu que tenho uma paciência infindável admito que cheguei ao fim.

Resta-me apenas esperar que volte a ser eu. Que as coisas mudem ou que eu tenha vontade de as fazer mudar.

Pessoas...cansaço...

domingo, 17 de fevereiro de 2013

"Ele vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam, planearam.  Ela buscava sempre de forma fria ser realista, e ele lindamente sonhava. Eram bons um com o outro, e sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos nem sempre fossem os mesmos. Ele calmaria, ela furacão. Louca, paciente. Ela era noite, ele dia. Eram sorrisos, noites sem fim, depois calmaria. Eram danças e deitar na grama, sorvete e azul do céu. Ela sempre amarga, ele mel. Ele beijo molhado ela abraço apertado, ela escandalosa ele calado. Eram amigos e confidentes, mas nem sempre viviam contentes. Tinham problemas, mas quem não tem, até que num desses chega o desdém. Ela vinha, ele ia. Não mais juntos, porém mais unidos. Eram cúmplices e muito amigos. Existia amor, e devoção, e a inexperiência os deixava no chão. E assim seguiram, pelo caminho. Mas jamais soltaram as mãos. "

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

"Forget love... fall in coffee"

Olhei para o relógio que trazia no pulso e percebi que já ali estava à tempo a mais.

Haviam-se passado quase duas horas desde que eu entrei no café da minha rua e o Sr. Zé me serviu o café curto a que me havia habituado.
Naquele momento, nada me poderia fazer melhor do que sentar-me na mesa ao lado da janela que dá para a rua, a fumar os meus últimos cigarros enquanto observava as pessoas atarefadas debaixo de chuva. 
Não, não é coscuvilhice. É apenas um escape. Uma maneira que encontro de descansar a cabeça dos meus problemas e de poder assistir a coisas em que usualmente não reparo. Sou tão distraída que me seria impossível fazer isto num dia normal. Mas hoje era diferente.
Hoje, reparei no sofrimento do carteiro que corria frustrado por entre os prédios esperando que alguém se levantasse do conforto do seu sofá para lhe abrir a porta. Reparei também na senhora idosa que vagueia perdida pela rua  com um guarda-chuva negro, cor que marca também toda a sua roupa. Vi mães a trazerem as crianças que saltavam na chuva, da escola para casa.Vi um homem novo, bem parecido, durante uns 10 minutos a falar ao telemóvel e a tentar acender um cigarro sem sucesso.  

Foi então, que o homem bem-parecido entrou no café e conseguiu desviar a minha atenção do mundo lá fora, mesmo que por pouco tempo.
Foi quando olhei o relógio e reparei que o meu pequeno café se havia tornado numa imensa pausa do trabalho. Fumava um último cigarro, absorta  nos meus pensamentos quando uma mão me tocou no ombro:
-Menina! O teu café já está pago.
-Oferece-me o café hoje é Sr. Zé? disse eu, sorrindo.
-Não, aquele homem ali, quis pagar a tua despesa. Não tira os olhos de ti e tu só a olhar para a rua.
Abre os olhos rapariga !

Acho que o Sr. Zé se começa a preocupar com a minha solidão na mesa do café. 

Levantei-me e sorri para o bem-parecido que me convidou a sentar na mesa dele. Estava quase convencida, quando ouvi o tilintar do pequeno sino da porta do café.
 Entras-te tu, sozinho e todo molhado.
Agradeci o convite e o café e fui embora sem nenhuma justificação, apenas repetindo para mim mesma:
 certos dramas não valem a cena.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Num dia incerto ...

Discutimos mais uma vez.
Como me custa discutir contigo. Fazer de conta de que não sinto nada.
E depois, as palavras ditas no quentinho dos cobertores são apenas ditas para tornar o quadro mais belo.
Mas o que posso fazer? O meu corpo fica bem melhor ali, ao teu lado, a ser única nos teus braços.

Os nossos problemas são tão grandes vindos do nada. Fazemos do nada tudo, numa discussão. Somos os melhores a castigar o outro, a dizer o pior que nos conseguimos lembrar. E assim vamos acabando por acabar o nosso sentimento. Gostamos tanto um do outro que qualquer coisinha é o pior pesadelo. Talvez seja por isso. 

Discutir contigo dá-me prazer quando sei que vamos fazer as pazes em menos de dois minutos. Só assim. O virar as costas é a minha fragilidade. Saber que não vamos continuar a discutir, até me mandares calar com um beijo e me abraçares. Dói saber que pensas de cabeça quente quando és ferido. E eu, eu prefiro mostrar que não me afectou nada, quando é tudo ao contrário. Quando em seguida me largas e eu viro a cara para chorar. Quando eu peço baixinho que não te vás embora...