terça-feira, 29 de maio de 2012

Construções.

Sou gelada. Não me refiro à minha pele ou ao meu toque. Não me refiro ao frio que sinto quando saio da cama de manhã cedo ou quando me deito nela vazia à noite. Estou a congelar tudo aquilo que sinto por qualquer coisa que se tente aproximar de mim. O muro que fui construindo à minha volta esta cada vez mais forte e com as bases mais assentes . Ajudaste a construí-lo .Sabes tão bem disso. Não foste tu quem pôs a primeira pedra, mas todos os dias contribuis para um buraco que falte preencher ou para aumentar a altura dele. Não quero acabar  como tu pensas que vou acabar. Não vou acabar assim . Posso ser todas as coisas que tu dizes e pensas que sou, posso tornar-me na pessoa mais distanciada e mais fria do mundo, mas no final do dia, sou eu quem nota isso. É a mim que dói sentir isso. Porque atrás da pessoa que mostro, atrás daquilo que tu vês, bem escondida, já houve alguém com esperanças, com coragem e com força. Essa pessoa já foi ambiciosa e quis sempre o melhor para quem conseguia passar esses muros. Agora, já ninguém os passa, não deixo, não quero. Não te vais sentir culpado, e não quero que sintas. Quero que saibas apenas que continuas a estar presente na minha vida, estás a ajudar a construir  qualquer coisa. Pessoas importantes fazem coisas igualmente importantes, só que eu não quero mais dessas. Quero coisas simples, coisas de uma noite e que não ajudam a contribuir em nada. Porque apesar da egoísta que dizes que sou, primeiramente penso no mal ou no bem que causo aos outros, e quando estou bem fechada no meu castelo, não deixo que ninguém alcance o melhor nem  o pior de mim. Tornei-me nisto. Na indiferença. No medo. Na frieza. No melhor para todos. 

 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Vinho Verde.

Olhei para o relógio e vi que eram 19:30h. Estou deitada na cama, como tenho estado invariavelmente nestes últimos dias. Perdi-me no tempo, no espaço e nas obrigações. Já não quero saber de nada, apenas quero ter o meu maço de tabaco em cima da mesa e um copo de água ao lado. Estás degradante, pensei eu. O meu quarto está apilhado de coisas, a luz não entra aqui á uns bons dias...  A minha consciência apregoava:  Levanta esse rabo e sai da cama ! Mas não consegui, não tive coragem. Fumei mais um cigarro e era o ultimo do maço.
Liguei à Mariana, ao Tiago, e á Beatriz... Ninguém me quis trazer um maço de tabaco, e eu não censuro. Não tenho saído de casa e eles sabem que ir comprar cigarros é a única maneira de eu sair daqui. Odeiam que eu fume os senhores saudáveis mas sabem o prazer que me dá !
Fechei os olhos e adormeci por instantes. A imagem da tua cara veio-me à cabeça. 
Levantei-me, e abri a janela. O sol estava a descer, estava um anoitecer quente e lindo bem como eu gosto. 
Saí de casa e fui logo ao café da rua à frente. Vi-me espelhada numa vitrina da rua. Que aspecto horrível ! 
Voltei para casa, para o meu quarto mas não para a cama. Puxei o puf  e sentei-me à beira da janela a fumar.  
Eu tinha de fazer alguma coisa, eu estava a cair aos poucos e não me podia deixar cair assim. Comecei por arrumar o meu quarto, de seguida tomei banho e vesti um vestido branco. Calcei-me, peguei numa carteira e saí porta fora. Não sabia bem para onde ia, mas já estava na rua e com outro aspecto. Fiquei com fome, apeteceu-me jantar nalgum lado e beber um bom vinho. Entrei no primeiro restaurante que me apareceu e tu estavas lá com a tua nova amiga. Não me importei e tive um manjar dos Deuses. Senti-me bem comigo mesma, com a pessoa que eu estava disposta a recuperar ! Senti que os homens me olhavam, que me apreciavam. Afinal não perdi assim tantas qualidades. Por fim, saí do restaurante e percebi que o problema não era meu. Foste tu, quem preferiu putas e vinho verde.



terça-feira, 22 de maio de 2012


" -Eu perdi-te mesmo desta vez certo?

-Tu nunca me tiveste. Nós éramos paixão, orgulho, medo, tesão, saudade, mas amor... nós nunca fomos. Amor é outra coisa. O amor é cliché, é um beijo roubado no meio de uma discussão, é vontade de ficar juntos, de casar, é planear um futuro juntos, ser forte, é quando por mais bonita ou boa que seja a rapariga que passe á tua frente, tu não a desejes... simplesmente porque tudo aquilo que tu queres está mesmo á tua frente. O amor é entrega sabes? Mas tu não és forte o suficiente para te entregares a algo que te dome. "

terça-feira, 8 de maio de 2012

Estás em todo o lado. 
Nas piadas que ouço, nos olhos azuis que vejo, estás nas paredes do meu quarto e na minha roupa. Estás em todas as gavetas que abro, no que uso todos os dias, estás no meu portátil e até na minha cozinha. Estás em todos os meus amigos, e no meu telemóvel. Estás em fotografias, em desenhos, em textos e em memórias. Estás na minha cabeça e no meu coração. Os únicos sítios de onde eu te quero arrancar a toda a força mas não consigo. Estás demasiado vivo em mim, tento apagar isso e desapegar-me e ao mesmo tempo morro por dentro de pensar que tu possas sair de mim para sempre. Egoísmo. Estupidez. Masoquismo.Complicado... como eu.
Quero voltar a construir contigo a amizade e o carinho que apesar de tudo sei que não se perdeu. Que eu não posso perder. Para isso, tenho de começar por arrancar das  minhas paredes tudo aquilo que me lembra do que já não existe.