domingo, 17 de fevereiro de 2013

"Ele vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam, planearam.  Ela buscava sempre de forma fria ser realista, e ele lindamente sonhava. Eram bons um com o outro, e sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos nem sempre fossem os mesmos. Ele calmaria, ela furacão. Louca, paciente. Ela era noite, ele dia. Eram sorrisos, noites sem fim, depois calmaria. Eram danças e deitar na grama, sorvete e azul do céu. Ela sempre amarga, ele mel. Ele beijo molhado ela abraço apertado, ela escandalosa ele calado. Eram amigos e confidentes, mas nem sempre viviam contentes. Tinham problemas, mas quem não tem, até que num desses chega o desdém. Ela vinha, ele ia. Não mais juntos, porém mais unidos. Eram cúmplices e muito amigos. Existia amor, e devoção, e a inexperiência os deixava no chão. E assim seguiram, pelo caminho. Mas jamais soltaram as mãos. "

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

"Forget love... fall in coffee"

Olhei para o relógio que trazia no pulso e percebi que já ali estava à tempo a mais.

Haviam-se passado quase duas horas desde que eu entrei no café da minha rua e o Sr. Zé me serviu o café curto a que me havia habituado.
Naquele momento, nada me poderia fazer melhor do que sentar-me na mesa ao lado da janela que dá para a rua, a fumar os meus últimos cigarros enquanto observava as pessoas atarefadas debaixo de chuva. 
Não, não é coscuvilhice. É apenas um escape. Uma maneira que encontro de descansar a cabeça dos meus problemas e de poder assistir a coisas em que usualmente não reparo. Sou tão distraída que me seria impossível fazer isto num dia normal. Mas hoje era diferente.
Hoje, reparei no sofrimento do carteiro que corria frustrado por entre os prédios esperando que alguém se levantasse do conforto do seu sofá para lhe abrir a porta. Reparei também na senhora idosa que vagueia perdida pela rua  com um guarda-chuva negro, cor que marca também toda a sua roupa. Vi mães a trazerem as crianças que saltavam na chuva, da escola para casa.Vi um homem novo, bem parecido, durante uns 10 minutos a falar ao telemóvel e a tentar acender um cigarro sem sucesso.  

Foi então, que o homem bem-parecido entrou no café e conseguiu desviar a minha atenção do mundo lá fora, mesmo que por pouco tempo.
Foi quando olhei o relógio e reparei que o meu pequeno café se havia tornado numa imensa pausa do trabalho. Fumava um último cigarro, absorta  nos meus pensamentos quando uma mão me tocou no ombro:
-Menina! O teu café já está pago.
-Oferece-me o café hoje é Sr. Zé? disse eu, sorrindo.
-Não, aquele homem ali, quis pagar a tua despesa. Não tira os olhos de ti e tu só a olhar para a rua.
Abre os olhos rapariga !

Acho que o Sr. Zé se começa a preocupar com a minha solidão na mesa do café. 

Levantei-me e sorri para o bem-parecido que me convidou a sentar na mesa dele. Estava quase convencida, quando ouvi o tilintar do pequeno sino da porta do café.
 Entras-te tu, sozinho e todo molhado.
Agradeci o convite e o café e fui embora sem nenhuma justificação, apenas repetindo para mim mesma:
 certos dramas não valem a cena.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Num dia incerto ...

Discutimos mais uma vez.
Como me custa discutir contigo. Fazer de conta de que não sinto nada.
E depois, as palavras ditas no quentinho dos cobertores são apenas ditas para tornar o quadro mais belo.
Mas o que posso fazer? O meu corpo fica bem melhor ali, ao teu lado, a ser única nos teus braços.

Os nossos problemas são tão grandes vindos do nada. Fazemos do nada tudo, numa discussão. Somos os melhores a castigar o outro, a dizer o pior que nos conseguimos lembrar. E assim vamos acabando por acabar o nosso sentimento. Gostamos tanto um do outro que qualquer coisinha é o pior pesadelo. Talvez seja por isso. 

Discutir contigo dá-me prazer quando sei que vamos fazer as pazes em menos de dois minutos. Só assim. O virar as costas é a minha fragilidade. Saber que não vamos continuar a discutir, até me mandares calar com um beijo e me abraçares. Dói saber que pensas de cabeça quente quando és ferido. E eu, eu prefiro mostrar que não me afectou nada, quando é tudo ao contrário. Quando em seguida me largas e eu viro a cara para chorar. Quando eu peço baixinho que não te vás embora...