domingo, 19 de fevereiro de 2012

Hoje e agora.

Minha querida,
Foi hoje. Hoje tive a prova daquilo que receava, apercebi-me realmente de que as coisas ás quais eu dou valor, se calhar não significam tanto para ti como significam para mim. Sempre soube disso, sempre fomos diferentes em gostos como em opiniões ou até em valores mas isso nunca nos impediu de nos darmos tão bem como dávamos. Sou capaz de dizer todas as tuas qualidades e todos os teus defeitos. São muitas coisas, mas conheço-te melhor do que aquilo que tu possas pensar. Estivemos juntas em momentos importantes, tínhamos conversas desde os temas mais importantes àqueles que não tinham interesse para ninguém, nem para nós! Simplesmente existiam. O natural facto de sabermos que estávamos ali uma para a outra quando o mundo desabasse sobre qualquer uma de nós, era reconfortante. Infelizmente, já não posso pensar assim. Sei que já  não estás por perto quando preciso, que já não te preocupas e nem sequer te interessas por alguma coisa que esteja ligada a mim. 
Dei-me conta agora de uma coisa. Estava enganada quando disse que conheço todas as tuas qualidades e os teus defeitos. Conhecia. Agora, estou a conhecer uma pessoa diferente, uma faceta diferente daquilo que eu alguma vez pensei que tu te pudesses tornar. Sei que provavelmente vais esconder-te atrás do teu orgulho e da tua maneira de te tentar enganar, e dizer "Não, eu sou a mesma". Vais até dizer "A culpa é tua!" e mesmo que não arranjes motivos para eu ficar com a culpa de tudo, vais buscá-los ao fim do mundo se for preciso! Porque tu és assim. As coisas no teu mundo têm de parecer sempre bem aos olhos das outras pessoas. Foi tempo em que eu não fazia parte dessas outras pessoas... Agora aquilo que fazias com os outros, já o fazes comigo. Não te vou dizer que eu não tenha culpa de alguma coisa, não me interpretes mal, apenas digo que mudaste. E tu sabes o porquê. Mudaste, deixaste de ter aquela alegria, de termos cumplicidade, e sermos sinceras. Mudaram as conversas, perderam-se os segredos e as fofoquices, reduziu-se o tempo e virou tudo ao contrário. Nunca quis nem tive o direito de ser tão importante para ti como precisava que fosse agora. O que custa é ver que já não existe importância. 
Sempre me disseste para não ser ingénua, para não acreditar em tudo, e agora percebi as tuas palavras! Estou a demorar tempo a mais a tornar-me naquilo que quero ser. Quero ser imune a desilusões, a acreditar nas pessoas, a continuar a pensar que realmente há coisas que não mudam. Hoje, e agora tive a certeza. E estou mesmo triste. Saíste assim? Sem avisar? Não é isso que os amigos fazem...
Com amor, M