segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

"Forget love... fall in coffee"

Olhei para o relógio que trazia no pulso e percebi que já ali estava à tempo a mais.

Haviam-se passado quase duas horas desde que eu entrei no café da minha rua e o Sr. Zé me serviu o café curto a que me havia habituado.
Naquele momento, nada me poderia fazer melhor do que sentar-me na mesa ao lado da janela que dá para a rua, a fumar os meus últimos cigarros enquanto observava as pessoas atarefadas debaixo de chuva. 
Não, não é coscuvilhice. É apenas um escape. Uma maneira que encontro de descansar a cabeça dos meus problemas e de poder assistir a coisas em que usualmente não reparo. Sou tão distraída que me seria impossível fazer isto num dia normal. Mas hoje era diferente.
Hoje, reparei no sofrimento do carteiro que corria frustrado por entre os prédios esperando que alguém se levantasse do conforto do seu sofá para lhe abrir a porta. Reparei também na senhora idosa que vagueia perdida pela rua  com um guarda-chuva negro, cor que marca também toda a sua roupa. Vi mães a trazerem as crianças que saltavam na chuva, da escola para casa.Vi um homem novo, bem parecido, durante uns 10 minutos a falar ao telemóvel e a tentar acender um cigarro sem sucesso.  

Foi então, que o homem bem-parecido entrou no café e conseguiu desviar a minha atenção do mundo lá fora, mesmo que por pouco tempo.
Foi quando olhei o relógio e reparei que o meu pequeno café se havia tornado numa imensa pausa do trabalho. Fumava um último cigarro, absorta  nos meus pensamentos quando uma mão me tocou no ombro:
-Menina! O teu café já está pago.
-Oferece-me o café hoje é Sr. Zé? disse eu, sorrindo.
-Não, aquele homem ali, quis pagar a tua despesa. Não tira os olhos de ti e tu só a olhar para a rua.
Abre os olhos rapariga !

Acho que o Sr. Zé se começa a preocupar com a minha solidão na mesa do café. 

Levantei-me e sorri para o bem-parecido que me convidou a sentar na mesa dele. Estava quase convencida, quando ouvi o tilintar do pequeno sino da porta do café.
 Entras-te tu, sozinho e todo molhado.
Agradeci o convite e o café e fui embora sem nenhuma justificação, apenas repetindo para mim mesma:
 certos dramas não valem a cena.


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